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Agência Correio
Publicado em 14 de junho de 2025 às 06:31
A feijoada é presença garantida no cardápio de muitos brasileiros aos sábados. Mas essa tradição tão enraizada não surgiu por acaso — ela foi construída ao longo do tempo, com base em influências culturais, religiosas e práticas urbanas que ajudaram a estabelecer esse prato como o favorito do fim de semana.>
Embora não exista uma origem oficial e única para esse costume, a associação da feijoada com o sábado revela muito sobre os hábitos alimentares do país. O tempo livre, a rotina dos restaurantes e as referências vindas de Portugal ajudaram a consolidar essa tradição gastronômica nacional.>
A prática de associar alimentos a dias específicos da semana vem da tradição portuguesa, que teve grande influência na formação da cultura brasileira. Em Portugal, é comum consumir certos pratos em dias fixos, como peixe às sextas-feiras por razões religiosas, e cozido português às quintas e domingos.>
Ao ser trazido para o Brasil, esse costume foi adaptado à realidade local. Aqui, ou-se a organizar a rotina alimentar de maneira semelhante, com os pratos mais simples durante a semana e os mais elaborados, como a feijoada, reservados para os dias com mais tempo e disposição, como o sábado.>
O sábado é um dia que naturalmente favorece refeições mais demoradas e encorpadas. Muitas pessoas estão de folga ou com agendas mais flexíveis, o que permite preparar e saborear pratos mais pesados, como a feijoada, sem a pressa do cotidiano.>
Além disso, o sábado é tradicionalmente associado ao lazer e à convivência social. A feijoada se encaixa perfeitamente nesse clima de descontração, já que é um prato servido em grandes porções e ideal para reunir amigos e familiares à mesa.>
Com o crescimento das cidades, especialmente no Sudeste, os restaurantes populares aram a organizar seus cardápios com base nessa lógica de dias fixos para cada prato. Em São Paulo, por exemplo, é comum encontrar virado à paulista às segundas-feiras e dobradinha às terças.>
A feijoada, por sua vez, ganhou espaço aos sábados, quando os restaurantes podiam preparar pratos mais complexos e atrair clientes interessados em uma refeição farta e tradicional. Essa rotina reforçou ainda mais a associação entre o prato e o último dia útil da semana.>
Embora o sábado da feijoada seja um costume muito forte no Sudeste, outras regiões têm suas próprias tradições culinárias. Na Bahia, por exemplo, é comum servir comidas típicas como caruru, xinxim de galinha e efó às sextas-feiras, também seguindo padrões alimentares ligados à religião e à cultura local.>
Essa variedade de hábitos mostra a riqueza gastronômica do Brasil. Cada estado preserva sua identidade à mesa, ao mesmo tempo em que compartilha elementos em comum, como a valorização dos encontros e da comida como parte da cultura e do convívio.>